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Parte 2: O aviador, criador (ou criadores) e criaturas
Da criação do Aeroclube da França em 1898 até 1906, nenhum inventor havia apresentado qualquer projeto que se aproximasse de um avião. Até que em 1903, entram em cena os irmãos Wright.
Nesta data, a Europa tomou conhecimento de que os irmãos estavam desenvolvendo um avião e que o mesmo teria atingido uma distância de quase 40 km/h. Porém, o projeto foi desconsiderado por falta de provas concretas, muito pelo fato dos Wright se recusarem a enviar fotos de seu feito, por medo de perda da patente e por seu avião depender de uma catapulta de 700 quilos para voar – condição que viria a desconsiderar a invenção de ambos.
Chega o ano de 1906. Data marcante ao povo brasileiro, pois no dia 19 de julho daquele ano, Santos Dumont fazia o primeiro teste do 14-Bis. O avião, porém, viria a alçar voos ainda maiores nos Campos de Bagatelle de Paris – daí o nome da praça que abriga a réplica do avião.
No dia 23 de outubro de 1906, o 14-Bis, pilotado por Dumont, realizou seu primeiro voo homologado diante de uma multidão, atingindo uma distância de 60 metros em uma altura entre dois e três metros. Pelo sucesso do brasileiro, Ernest Archdeacon, um dos fundadores do Aeroclube, lhe ofereceu um prêmio de 3 mil francos. No dia 12 de novembro, o 14-Bis viria a quebrar o próprio recorde, atingindo uma altura de 6 metros de altitude e 220 metros de distância.
E os irmãos Wright?
Três anos depois do lançamento do 14-Bis ao mundo, os irmãos Wright finalmente divulgaram as fotos de seus voos feitos em 1903. E, realmente, o avião dos Wright era mais moderno e possuía melhor aerodinâmica do que o 14-Bis, além de ter impressionado muitas pessoas por voar seus 100 quilômetros.

No entanto, a divulgação do projeto em 1908 também deixou claro qual era o mecanismo utilizado pelos irmãos para alçar voo. Ainda assim, mesmo que o avião dependesse do impulso de outro objeto para voar, o produto dos Wright foi reconhecido como um avião, muito por que o Aeroclube buscava projetos que quebrassem recordes, após o primeiro voo do 14-Bis. Porém, a controvérsia continua até hoje, com cientistas renomados que classificam a invenção dos estadunidenses como um planador motorizado.

Além disso, um dos pontos que fortifica ainda mais o fato de que Santos Dumont foi o pioneiro da aviação, é que cem anos depois de seu primeiro voo, o coronel paulista Danilo Flôres Fuchs, construiu uma réplica do 14-Bis que foi capaz de voar, mesmo que dependesse de mecanismos ultrapassados. No caso, a criação do coronel levantou voo duas vezes, em 1989 e em 1991.
Já o projeto dos Wright, mesmo com a participação da Discovery of Flight Foundation – fundação criada para estudar o projeto dos irmãos e lançar réplicas que possam colocar em prática o trabalho de ambos – ainda não foi capaz de voar novamente.
fotos: Wikipedia