Problemas antecedem o evento Câmara no Seu Bairro, neste sábado (18/4)
::: Bruno Viterbo
Depois de passar pelas subprefeituras de Pirituba/Jaraguá e Jaçanã/Tremembé, o Projeto Câmara no seu Bairro chega a Santana/Tucuruvi neste sábado (18/4), a partir das 9h30. O evento é uma oportunidade para a população e os vereadores se aproximarem; os munícipes participam com suas demandas e reivindicações para seus bairros, a fim de elucidar aos políticos a situação dos locais de cada subprefeitura.
O Projeto vai percorrer todas as subprefeituras até o final deste ano. Os encontros têm reunido um bom contingente de pessoas, mostrando que é um canal importante de comunicação dos eleitores para com aqueles que foram eleitos.
A iniciativa da Câmara Municipal é louvável, já que aproxima a população, como um canal direto para o pedido de melhorias e conservação dos bairros. Assim como reuniões que discutem diretrizes para a Cidade, como os Conselhos Participativos e as recentes reuniões sobre a Lei de Zoneamento (leia mais na página 6), o Câmara no Seu Bairro é mais uma oportunidade do eleitor fazer valer seu voto.
Ao chegarem à Subprefeitura de Santana/Tucuruvi, os vereadores vão se deparar com os problemas que a região enfrenta, devidamente denunciados pelo Jornal SP Norte nas últimas semanas.
A reportagem percorreu novamente as principais vias da região, como as avenidas Cruzeiro do Sul, Luiz Dumont Villares e Braz Leme. O resultado? Antigos problemas que não são solucionados – alguns deles há mais de um ano – e outros que são potencializados com a falta de cuidado da população. Para auxiliar os moradores – e vereadores que estarão presentes no evento – o Jornal SP Norte preparou um resumo dos principais problemas da região:
Moradores de rua persistem na Av. Cruzeiro do Sul
O tema exige um debate sério e cuidadoso. A situação dos moradores de rua em várias regiões da Cidade é, evidentemente, precária. Mesmo com ações que visam amenizar o problema – como a Operação De braços Abertos – o caso envolve várias secretarias, como Saúde, Assistência Social, Direitos Humanos e Cidadania, Habitação e Segurança Urbana. As secretarias realizam o trabalho periódico de retirada e lavagem dos locais, além de oferecer alternativas de futuro para esses cidadãos.
Centros de acolhida foram inaugurados na Zona Norte para o acolhimento desses moradores. Apesar de muitos estarem ali por falta de condições, por problemas psicológicos ou drogas e álcool, alguns praticam pequenos delitos, representando um perigo para a grande quantidade de pessoas que passam pela via em razão da proximidade com a Estação Santana do Metrô.
Muitos estão concentrados nas saídas da Estação, principalmente embaixo dos pilares de sustentação dos trilhos do Metrô, que percorrem toda a Avenida – alguns consumindo drogas. No final da via, na esquina com a Rua Conselheiro Saraiva, a Praça Margarida de A. Gimenez virou uma espécie de lar para alguns dos moradores, com direito a varal e alguns barracos. Alguns destes moradores também estão em canteiros centrais da Av. Braz Leme. Mendicantes em faróis das vias também foram observados pela reportagem.
Contudo, é possível observar que o número de moradores nessas localidades caiu em relação a outros anos.
[WRG id=9306]
Comércio de rua no entorno da Estação Santana
Alguns comerciantes da Rua Dr. César, perto do cruzamento com a Av. Cruzeiro do Sul, persistem na região. De acordo com a Subprefeitura, a fiscalização é diária, por meio do trabalho feito pela Guarda Civil Metropolitana e Operação Delgada da Polícia Militar. Na Avenida, um dos comerciantes não possui segurança adequada e trabalha com um bujão de gás exposto na rua.
[WRG id=9303]
Lixo espalhado e praças malcuidadas por toda a região
A Av. Luiz Dumont Villares sofre um processo recente de pouca zeladoria e falta de cuidado. Ruas adjacentes (Rua Viri e Av. Paulo Silva Araújo) e imóveis abandonados contam com lixo acumulado, além das praças abandonadas, que servem de “lar” para alguns moradores de rua. Em relação aos imóveis abandonados, é também de competência do proprietário regularizar a situação. Enquanto isso, fica um aparente jogo de “empurra-empurra”, onde nem o proprietário, nem a Prefeitura, fazem a fiscalização adequada e definitiva.
Não é exagero afirmar que as praças na altura do no 390 da Avenida parecem abandonadas há anos. O grande espaço é arborizado e poderia ser utilizado para integrar a população no local, revitalizando a área com opções de lazer e tornando-se, efetivamente, um espaço público de convivência. A Avenida é conhecida por sua agitava vida noturna, com vários bares que são destaque na Zona Norte. Enquanto isso, a vida diária mostra um retrato de descaso, de uma via que teria tudo para ser uma das mais bonitas da região.
Na maioria das vias, a Lei Cidade Limpa não se faz valer: cartazes e faixas são fixados em muros e postes. Nos finais de semana é pior ainda, com distribuição de panfletos nos faróis, principalmente de seguros-saúde, e cavaletes de empreendimentos imobiliários surgem em postes e avenidas da região. Absurdo!!!
O entulho é também um grave problema da população, que não destina corretamente este tipo de material. Buracos são constantes, apesar de que, nos últimos dias, alguns deles foram tapados. No entanto, em virtude da má qualidade do material, em pouco tempo os buracos insistem em voltar. As ruas, de tão “remendadas”, parecem mosaicos. Os deslocamentos, portanto, tornam-se estressantes: um “rally” nada emocionante. Sofrem todos: motoristas, com custos de manutenção dos automóveis, e a população, que utiliza transporte público. Os ônibus sacolejam mesmo em grandes avenidas que ainda não possuem novas faixas de ônibus, tornando a viagem – já prejudicada pelo aperto em horário de pico – um desafio à paciência.
[WRG id=9305]
Ciclovia na Av. Braz Leme convive com problema há mais de um ano
Entre todos os temas, as ciclovias são as que mais têm suscitado debates calorosos entre os moradores da Cidade. Porém, a discussão binária – duas opções: ser a favor ou contra – não ajuda em nada, além de confundir ou, ainda, esconder os verdadeiros questionamentos do tema.
O projeto de ampliação das ciclovias e ciclofaixas por toda a Cidade vai ao encontro de políticas de transporte não poluente que estão presentes nos países mais desenvolvidos. Em uma cidade que foi planejada para os carros, o “novo” modal de transporte deve ser visto com atenção e menos embates com opiniões fixas. No entanto, a gestão de Fernando Haddad também tem que ver com – muita – atenção os problemas que as faixas para as bicicletas estão ocasionando.
Muitas das ciclofaixas já apresentam desgaste, com tinta desbotada, além de buracos e rachaduras. Algumas já até apresentam risco ao ciclista, como a da Av. Braz Leme, em Santana.
A situação é alarmante e absurda: há mais de um ano – registrado pelo Jornal SP Norte na Edição no 607, de 18 a 24 de abril de 2014 – um trecho da ciclovia da Avenida está com um trecho dilatado, formando uma espécie de lombada, que não é consertado. A situação piora com a descoberta de mais um problema do tipo, aproximadamente cem metros do primeiro. As duas ocorrências estão no trecho do Campo de Marte, próximos ao campo da Sociedade Amigos do Jardim São Bento. Por conta deste problema, um ciclista quebrou o braço, de acordo com reportagem publicada no Estadão, que pode ser vista neste link: infograficos.estadao.com. br/public/Cidades/ciclovias.
A ciclovia é anterior à gestão de Fernando Haddad, sendo construída pelo então Prefeito Gilberto Kassab, em 2012.
Atualização em 17/4, às 14:10: o trecho da ciclovia registrado pelo Jornal SP Norte corresponde à Casa Verde. Assim como outras avenidas da cidade, muitas delas fazem parte de dois ou mais bairros. No entanto, a maioria dos moradores da avenida – e que utilizam a ciclovia – estão concentrados na região da Subprefeitura. As Subprefeituras precisam ter a consciência de ações integradas, não somente limitando-se a seus territórios.
[WRG id=9308]
O próximo encontro dos vereadores com a população da Zona Norte será na Subprefeitura de Casa Verde/Cachoeirinha, em 13 de junho, no Centro Cultural da Juventude (Av. Dep. Emílio Carlos, 3.641). Para tanto, contamos com a ajuda dos leitores: envie suas denúncias e problemas da região. Na sequência dos encontros, o Projeto vai à Vila Maria/Vila Guilherme em 29 de agosto e, por fim, à Freguesia/Brasilândia em 26 de setembro.