Antes cercado de expectativa, lançamento do novo iPhone 7 demonstra que indústria perdeu o fôlego
::: Bruno Viterbo
Já tem um tempo que a indústria de tecnologia não apresenta novidades. À primeira vista, a frase acima pode parecer falsa e inverídica. Mas, pense: há quanto tempo você – seja um consumidor ávido por tecnologia ou consumidor comum – não vê algo que deseje de fato?
Na última quarta-feira (7/9) a Apple lançou o – nem tão novo – iPhone 7. Quem acompanha as notícias da área sabe que a cada mudança de número (modelos 5 e 5S, 6 e 6S) a empresa lança um modelo completamente novo. Agora, saindo do 6S e pulando para o 7, a impressão é que, definitivamente, a Apple – e suas parceiras gigantes, como a Samsung – não sabe mais o que inventar para fisgar o público.
Nem vamos considerar que, aqui no Brasil, não há novidade que fisgue: o preço elevadíssimo dos aparelhos afugenta qualquer um. A apresentação, antes um evento retumbante, hoje limita-se a mostrar a evolução e melhorias do aparelho com base em números de processador, câmera e um ou outro recurso não necessariamente novo ou inovador – e que atrai aqueles que são fãs ou gostam de tecnologia. O público em geral, afoito por novidades, não se interessa como em outros tempos.
O mesmo se aplica à Samsung. Dona da linha Galaxy, top de linha que bate de frente com os iPhones, também parece ter esgotado seu arsenal. A última novidade – esta, mais prática – é uma tela curva. Útil quando a tela está virada para baixo e, por meio da “sobra visível”, é possível ver notificações. Será que é tão útil assim?
Voltando ao iPhone 7 (e seu irmão maior Plus), as novidades mais práticas é a nova câmera – na verdade, duas. Mas só no irmão maior: elas permitem zoom com mais qualidade e fotografias com ajustes comparáveis a de câmeras profissionais. Outra “novidade” é a adição de duas novas cores: um preto fosco (entra no lugar do cinza “espacial” e um preto brilhante, parecido com o do computador topo de linha Mac Pro (topo mesmo: o mais barato aqui no Brasil custa 27 mil reais).
O aparelho também perdeu a entrada tradicional de fones de ouvido: agora o conector é o mesmo do carregador da bateria – o som também é novo: é estéreo, com som por todas as extremidades do smartphone. Perdeu também a obsoleta versão de parcos 16 GB de memória. Nossas memórias, fotos, músicas e aplicativos não comportam mais uma versão com pouco espaço. A versão de entrada passa a ser a de 32 GB – e uma nova versão completa o catálogo, com incríveis 256 GB – a intermediária é de 128 GB.
Outras novidades também evocam o passado: o lançamento do jogo oficial de Super Mário e novos recursos para o fenômeno Pokemon Go no novo Apple Watch, o relógio inteligente da marca. A nova cor preta (jet black, ou preto brilhante) também evoca o passado – e aparece com grande destaque nos materiais informativos e no site da empresa: é a cor que ostentou os primeiros iPhones, do inicial até o 4S (com traseira de vidro). Novidades cosméticas, as antenas, antes expostas com “fios” na traseira, estão bem mais discretos – o design do aparelho permanece o mesmo desde o iPhone 6. Cosmética, mas útil, o botão Home não é mais um botão: é fixo, mas o novo sistema dá respostas por meio de vibrações.
A novidade, nesses novos tempos, é voltar ao passado.
Marca lança novos fones de ouvido e evolução em relógio inteligente
Novos, de fato, são os AirPods – os fones de ouvido sem fio da Apple. Além da mudança para o conector Lightning – o mesmo do carregador de bateria -, a marca lançou os mesmos fones, só que sem fio. Inteligentes, os fones conseguem saber quando o usuário está ouvindo música e, quando os retira, pausa. Também consegue identificar quando está sendo usado em apenas um ouvido, como um headset para chamadas. Alguns toques na parte externa permitem realizar funções específicas, e eles são carregados por meio de uma “caixinha”, a mesma usada para guardar os fones.
O novo Apple Watch – chamado Series 2 – não apresentou mudanças radicais no design: ganhou mais pulseiras, como da marca de luxo Hermès, e um novo modelo criado em parceria com a Nike. A tela ficou mais nítida, útil para dias de sol intenso quando não conseguimos ver muita coisa.
O que ficou claro é que a Apple aposta em um mundo completamente sem fios, integrando todos os gadgets: iPhone, AirPods e Watch, além do sistema de pagamento Apple Pay e dos aplicativos para casas inteligentes – uma realidade um tanto distante de nós, no entanto. No entanto, é curioso que a marca não tenha lançado um carregador de bateria por indução – é só colocar o celular em uma base (esta, conectada a uma tomada) e deixar o smart carregando.
Preços; Brasil está fora das duas primeiras listas
O novo iPhone 7 custa a partir de US$ 649, enquanto o 7 Plus inicia em US$ 769, algo entre 2.160 e 2.560 reais – longe dos mais de três (ou quatro) mil cobrados pelo por aqui. Os modelos iPhone 6S e 6S Plus permanecem como modelos intermediários, enquanto o iPhone SE (mesma carcaça do iPhone 5S, mas com tecnologias do 6S) permanece como modelo de entrada para quem prefere aparelhos menores – inclusive, elogiado por vários sites especializados.
A pré-venda – para países selecionados – começa no próximo dia 9 e a venda, na semana seguinte. O novo iOS, sistema operacional dos iPhones, será lançado no próximo dia 13. O Brasil, “tradicionalmente”, está fora da lista de dezenas de países que já vão receber o aparelho. Enquanto isso, os preços dos aparelhos agora antigos caíram e tiveram reposicionamentos – quedas de mil a 1,6 mil reais. Nos iPhone 6 e 6S, saem as versões de 16 e 64 GB, entram as de 32 e 128 GB. Confira os valores (incluindo do iPhone SE de entrada e os Air Pods, que chegarão em outubro – lá eles custam US$ 160…):
- iPhone 6s 32GB: R$ 2.999
- iPhone 6s 128GB: R$ 3.399
- iPhone 6s Plus 32GB: R$ 3.599
- iPhone 6s Plus 128GB: R$ 3.999
- iPhone SE 16 GB: R$ 2.499
- iPhone SE 64 GB: R$ 2.699
- Air Pods: R$ 1.399
Os valores costumam alterar quando comprados junto com operadoras ou, ainda quando adquiridos à vista no site da Apple.