A ONU Mulheres anunciou o tema para o Dia Internacional da Mulher 2018: “Agora é o momento: ativistas rurais e urbanas transformam a vida das mulheres”. O assédio sexual, a violência e a discriminação contra as mulheres são temas para que mulheres de todo o mundo se mobilizam para conseguir um futuro mais igualitário. Esta ação tem se manifestado na forma de marchas e campanhas mundiais, abordando questões que incluem desde igualdade salarial até a representação política das mulheres.

O início
A tradição de reservar uma data para reivindicar a igualdade de direitos da mulher é centenária. A primeira delas, talvez a mais simbólica, mas não a única, ocorreu quando 129 mulheres morreram no incêndio da fábrica têxtil nos Estados Unidos. Foi em 8 de março de 1857, que patrões e policiais colocaram fogo no galpão onde as mulheres estavam trancadas, após protestarem contra a jornada de trabalho de 16 horas e por melhores salários.

No Brasil, até 1879, as mulheres eram proibidas de frequentar cursos de nível superior e, durante boa parte do século XIX, só poderiam ter educação básica. Mesmo com a legislação que permitia a instrução feminina, as mulheres tinham o acesso dificultado.
Conquistas x desigualdades
Com o novo papel da mulher da sociedade, muda também a estrutura familiar. Hoje, as mulheres aumentaram sua participação no mercado de trabalho, acumularam mais anos de estudos, não dependem financeiramente do marido e adiam casamento e filhos.
Sem dúvida, as mulheres conseguiram superar muitas barreiras, mas ainda há um longo caminho até a igualdade. Com o avanço da mulher no mercado de trabalho, elas respondem atualmente por 43,8% de todos os trabalhadores brasileiros.

Mas a participação vai caindo conforme aumenta o nível hierárquico. Elas representam 37% dos cargos de direção e gerência. No topo, nos comitês executivos de grandes empresas, elas são apenas 10% no Brasil, apontam dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A comparação entre os salários também mostra que homens recebem mais em quase todos os tipos de trabalho.
Poder
A disparidade é ainda maior na esfera política. No Brasil, o ranking de presença feminina no Parlamento considerando as eleições realizadas em 2014 e 2016, tivemos 490 candidatas ao Senado Federal, representando 19% do total de candidatos, contra 81% de homens. Nas eleições para a Câmara dos Deputados, as mulheres representaram 32% dos candidatos e os homens 68% do total.
O estudo da Secretaria de Políticas para as Mulheres avalia que o problema da baixa participação de mulheres em espaços de poder tem relação estreita com o limitado acesso feminino à esfera pública.

No setor privado, o quadro não é muito diferente. Pesquisas confirmam a proporção de 20% a 30% de mulheres nos postos de chefia.
Brasil Mulher: união de esforços na promoção da igualdade
Em 6 de dezembro de 2017, o Presidente Michel Temer assinou o decreto que institui o Brasil Mulher, uma rede de mobilização com objetivo de integrar oportunidades, direitos e garantias igualitárias.
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Segundo o decreto, o Brasil Mulher vai atuar em eixos como saúde, educação, autonomia econômica e igualdade no mercado de trabalho, enfrentamento e combate a violência e fortalecimento da participação feminina em cargos públicos; terá um comitê executivo, compostos por integrantes da Secretaria de Governo e ministérios da Justiça, Educação, Trabalho, Cultura, Desenvolvimento Social e Saúde.

A coordenação será da Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres, que irá integrar representantes de outros órgãos públicos federais, estaduais, distritais, municipais, organismos internacionais, organizações da sociedade civil e entidade empresariais.
Como se observa pelos dados nacionais gerais, a discriminação de gênero ainda não foi erradicada do Brasil, mas as novas relações sociais entre homens e mulheres e o incentivo de políticas públicas voltadas para as mulheres evidenciam, sobretudo, a força das conquistas das quase 100 milhões de brasileiras na sociedade. Uma luta que não acabou, mas caminha incansavelmente para alcançar a igualdade e o respeito social.
foto (topo): Marcelo Casal Jr./Agência Brasil